O Instituto Federal Catarinense (IFC), juntamente com outras instituições de ensino do Estado (ver abaixo), integrou uma missão técnica internacional com destino à Ásia, organizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) em parceria com a Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe). A iniciativa, realizada de 16 a 26 de novembro, teve o objetivo de trocar experiências, tratar de parcerias e conhecer novos modelos de gestão nas áreas de Inovação, Desenvolvimento, Educação Superior e Pesquisa Científica.
O IFC foi representado na missão pela reitora Sônia Regina Fernandes. A comitiva esteve em embaixadas, universidades, instituições tecnológicas, empresas e órgãos governamentais do Japão e de Singapura. “Foram dias intensos, tendo sempre em vista o objetivo de conhecer questões no âmbito da Educação, da ciência e da tecnologia — em especial, como se dá a relação de “tripla hélice” entre o governo, as empresas e as instituições educacionais, com vistas ao desenvolvimento de cada país”, explica a reitora. “Tivemos diálogos com reitores e coordenadores de pesquisa de diversas instituições de ensino, com os embaixadores das e com a ministra da Educação, da Cultura, dos Esportes, da Ciência e da Tecnologia do Japão, Keiko Nagaoka”.
“Além de conhecer in loco as realidades em questão, também tínhamos como objetivo a aproximação do estado de Santa Catarina com os dois países e as instituições envolvidas, tendo a Fapesc como a mediadora e interlocutora das experiências entre os representantes do Japão e de Singapura e os integrantes da missão”, prossegue Sônia. “A ideia é termos projetos “guarda-chuva” que envolvam a Fapesc — que, por sua vez, mobiliza as instituições que fizeram parte do processo de acordo com suas vocações e potencialidades. A partir daí, pudemos vislumbrar possibilidades de intercâmbio e internacionalização, parcerias e troca de experiências, entre outros”. A gestora dá como exemplo desse tipo de cooperação a parceria já existente entre a Japan International Cooperation Agency (JICA) — que também fez parte do cronograma de visitas — e o município de Blumenau, que atuam juntos em projetos de prevenção de cheias e desastres naturais.
De acordo com Sônia, as discussões tiveram, em sua maioria, temas globais como meio ambiente, clima, sustentabilidade e segurança alimentar, entre outros. “Independentemente do tema, houve sempre destaque para a transversalidade com as ciências humanas”, afirma. “Chamou atenção o fato de que, mesmo com a tecnologia avançada existente nos dois países, não trouxe consigo o bem-estar do ponto de vista da subjetividade da condição humana”.
A reitora ressalta que, dentre as parcerias vislumbradas pela Fapesc durante a missão, identificou duas que combinam especialmente com o perfil do IFC, em instituições de Singapura. “Uma delas surgiu durante a visita ao Aquaculture Innovation Center (AIC), em Singapura), e envolve a pesca e a aquicultura, área na qual somos fortes — em especial no Campus Araquari, onde temos o curso de Veterinária e o Mestrado em Saúde e Promoção Animal, que tem linha de pesquisa específica para a área. Outra oportunidade se apresentou durante nossa visita a empresa 2DM Solutions, fundada por brasileiros, que trabalha com grafeno; temos pesquisas importantes sobre a produção e a caracterização deste material no Campus Luzerna. Eu pude conversar bastante com representantes dessas instituições e já deixar algumas tratativas encaminhadas”.
Sônia destaca alguns aspectos da experiência como um todo. “Além dos aspectos culturais, há a clareza, em ambos os países, na questão do planejamento. Há uma presença forte do Estado na definição do que se deseja para a nação; as pesquisas e os investimentos são definidas pelo Estado, e as universidades e centros de pesquisa vão trabalhar com muito recurso público para que esses planos sejam desenvolvidos, em conjunto com as empresas e à luz do interesse estratégico e de acordo com os arranjos industriais e culturas e a vocação de cada região. Em todas as situações, a “tripla hélice” trabalha em sinergia para que os objetivos estratégicos aconteçam”.
A reitora do IFC enfatiza ainda que, na totalidade dos espaços visitados, a comitiva encontrou profissionais brasileiros — todos egressos de instituições públicas federais de ensino. “Eles foram unânimes em dizer foi a educação pública — com destaque para o programa Ciência sem Fronteiras” que possibilitou que eles vivessem essa experiência, tanto na condição de pesquisadores, quanto na de investidores — conhecemos”.
“A missão marcou ainda a primeira vez em que os dirigente das instituções públicas e comunitárias se reúnem e passam a pensar a educação superior em Santa Catarina de maneira coletiva, discutindo temas comuns e observando em conjunto desafios e perspectivas de futuro das nações visitadas”, finaliza Sônia. “Isso é muito importante, porque se as instituições não se reunirem, e se o Estado não pensar um planejamento coletivo regional, continuaremos oferecendo cursos de maneira sombreada e fazendo pesquisas sem dialogarmos entre nós — ou seja, sem estabelecer uma rede de comunicação e tampouco juntando energias para o desenvolvimento comum de Santa Catarina”.
Além do IFC, participaram da Missão Internacional as seguintes instituições de ensino: IES Católica SC, Furb, Ifsc, UniSatc, UniSenai, Udesc, UFFS, UFSC, UNC, Unesc, Unibave, Unidavi, Unifebe, Uniplac, Univali, Univille, Unochapecó e Unoesc. Saiba mais sobre a iniciativa aqui.
Texto: Cecom/Reitoria/Thomás Müller
Imagens: Acafe/Mayara Cardoso